terça-feira, 23 de maio de 2017

Poemas simples

"Não é possível sair deste livro indiferente a um universo poético feito de raízes num solo de afetos fecundo, muito produtivo e muito belo , (bem patente em poemas como “Farol” (p.48), “Mãos pequenas” (55), “Poema simples para o meu filho” (p.56). 
Impossível ser indiferente a uma ideia de fé que oscila no espaço do poema entre a luz e a sombra. Veja-se (a fechar o livro, não por acaso, certamente, a fechar o livro, o poema “Oração”, que procura uma aproximação ao divino que é também um apelo ao próprio aperfeiçoamento e crescimento humanos. 

Impossível sair deste livro indiferente à imensidão magistralmente condensada nas cartas aos filhos:
«1. Carta ao meu filho que está longe:
Entre nós existe um silêncio tão florido
Que choro pétalas.»
«2. Carta ao meu filho que está perto:
Com as pétalas que me caem dos olhos
Desenhas os caminhos mais bonitos.»
Deixei propositadamente para o final uma impressão sobre os desenhos do Bernardo, a ilustrar este "Poemas simples para corações inteiros". Deles direi que, muito para além da forma que o traço lhes imprime, (já com muita precisão), o que os torna mais bonitos e comoventes é a cumplicidade adivinhada entre pétalas que caem de uns olhos de mãe e os caminhos, como promessa, que só uma criança é capaz de vislumbrar, sejam quais forem as circunstâncias."

Lídia Borges
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Virgínia do Carmo nasceu em França, em 1973, mas o seu sangue é transmontano. É licenciada em Comunicação Social, tendo exercido jornalismo no início da sua vida profissional. Nos últimos anos o seu trabalho vem-se concentrando no mundo dos livros, primeiro como livreira e agora como editora no projecto Poética Edições.
Antes de “Poemas simples para corações inteiros” publicou as obras “Tempos Cruzados” (poesia, Pé de Página Editores, Coimbra, 2004), “Sou, e Sinto” (poesia, Temas Originais, Coimbra, 2010), “Uma luz que nos nasce por dentro” (contos, Lua de Marfim Editora, Lisboa, 2011) e “Relevos” (poesia, Poética Edições, Setembro de 2014).

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