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JORGE LAGE |
A «Oliveira de
Tavira» (foto da net, neste texto), do Aldeamento Turístico, «Pedras d’el Rei»,
freguesia da Luz, estava classificada como a mais antiga de Portugal, com cerca
de 2.000 anos (agora já tem mais umas dezenas). E chegaram a esta datação
científica pelo infalível método do C14 (Carbono catorze). Método que tem
apenas uma margem máxima de erro de 100 anos. Nada havia a dizer se não
curvarmo-nos perante tão venerável anciã. Há uns anos para cá notaram-se
avanços e recuos nas descobertas fitológicas e tratamentos micológicos. Nos
últimos anos tivemos o desenvolvimento de um novo método de classificação
etária das árvores em Portugal. Contaram-me aspectos que me causaram muitas
dúvidas. Quando vivemos algumas décadas e desde a meninice estamos atentos ao
que nos rodeia no mundo rural. Nem tudo é visto da mesma forma como quem chega
a um olival e tira as suas conclusões. Os meus porquês foram imensos e o meu
sábio pai, já tinha bebido as respostas nos avós, nos pais e nos vizinhos
anciãos. Muitas vezes a explicação era cimentada pela expressão: «- já contavam
os antigos»… Eram inícios que não tinham princípio, mas eu via o fim ou o
momento presente. Pois bem, a oliveira mais frondosa do meu pai era jovem e
produtiva, comparada com outras de grande tronco. Outras antigas, em terra
magríssima, o porte era menor do que outras com poucas décadas. Eu pensava que
o C14 (e o método dos anéis) era o método científico considerado mais seguro
pela comunidade científica internacional… Assim, surgirá a Oliveira das
Mouriscas - Abrantes com 3350 anos, dizem do tempo de Ramsés II e de Moisés
(1250 A.C.). Digo eu: - mais antiga que o bíblico Profeta Isaías? Curioso é que
já tinha sido classificada por professores da UTAD, uma «Oliveira de Santa Iria
da Azóia», com 2850 anos. O método do C14 não causará grande sofrimento às
árvores, enquanto o método de contagem dos anéis é uma violência para a árvore.
Outro aspecto que me deixa com alguma dose de cepticismo, sendo eu apenas um
curioso e que sempre me julguei fraco a Matemática, é o novo método não se
ficar pelos séculos e atesta a infabilidade até ao meio século (3350 anos). O
método C14 ficar-se-ia, pelos séculos, 3300 anos, dado a margem de erro ser de
100 anos, prevista no Instituto Tecnológico Nuclear. Ao longo das últimas
décadas, tenho assistido a alguma comunidade científica nacional ligada à
flora, precipitar-se nesta ou naquela situação (já vi falar de nova descoberta,
quando se conhecia há um século). Os nossos meios mediáticos (neste caso o
Público de 25-02-2017) são muito atractivos para alguns, mais do que as
revistas internacionais mais conceituadas. Neste caso, por este método inovador
se conseguiria dizer qual é a árvore mais antiga da Terra? Tive conhecimento,
não sabendo se o grupo é o mesmo ou outro mais empresarial, que terão andado em
algumas partes do país a oferecer a classificação de oliveiras, através de
fotografias, desde que a imagem fosse acompanhada de um cheque de 500 euros. A
mim dava-me jeito a classificação de um sobreiro, que tenho na Orreta Longuinha
(Chelas – Mirandela), dizem os corticeiros, que será dos mais imponentes de
tronco da minha região. Podem ficar descansados que não vou mandar fotografia
nem cheque. Deixo, amigo leitor, com uma quadra à Oliveira, recolhida em
Vimioso, pela Prof.ª Celeste Pires, dos Vilares, da Torre:
Nós somos de Santulhão
Da terra dos olivais
Colhemos pouco azeite
Porque não nos deram mais
Provérbios ou ditos:
É bonita
mas foi lavada em água das castanhas.
Março
marçagão, de manhã focinho de cão, ao meio-dia de rainha e à noite de
fuinha.
O velho
por não poder, e o novo por não saber, fica o trabalho por fazer.
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