Por: Costa Pereira - Portugal, minha terra
Hotel geriátrico, em Chaves |
Hoje lembrei-me de um distinto transmontano e meu prezado amigo que
deixei de ver já lá vão alguns anos porque a doença que lhe bateu à porta
atirou com ele para fora de Lisboa, e Chaves fica muito afastado daqui.
Refiro-me ao Sr. Padre Guilhermino Augusto Teixeira Saldanha que conheci por
volta de 1988, na ESSM, em Campo de Ourique (Lisboa) onde desempenhou as
funções de capelão. Sacerdote zeloso no cumprimento dos seus deveres aderentes
à missão e ao desempenho das funções que lhe eram conferidas. Natural de
Vilartão, aldeia do concelho de Valpaços, o Coronel-Capelão Guilhermino
Saldanha, nasceu a 08/04/1940, e foi ordenado sacerdote a 05 de Março de 1966.
Após a ordenação ficou algum tempo como Prefeito do Seminário e foi depois
incorporado na vida militar, por indicação do Bispo D. António Cardoso Cunha,
onde frequentou um curso na Academia Militar, e em Novembro de 1968 é colocado
no Batalhão de Caçadores Nº 5, em Lisboa. Em 1969, embarcou para o Norte de
Angola, como capelão do Batalhão de Artilharia Nº 2882. De regresso a Portugal,
recebe convite do Capelão Mor das Forças Armadas, D. António Reis Rodrigues,
para fazer parte dos capelães da Armada Portuguesa, o que se concretizou em
Dezembro de 1971. Também em Dezembro, mas de 1987, regressou ao Exercito, e é
colocado como capelão do Regimento de Transmissões e da Escola de Superior do
Serviço de Saúde Militar, que foi onde o conheci, pois era o meu local de
trabalho. Homem de muita cultura e saber, este sacerdote cativava o seu
semelhante pelo modo caridoso e humilde como lidava e cuidava dos assuntos da
sua lavra. A nossa amizade era mutua e sincera com a pendente transmontana a
pesar. Em Maio de 1992, um meu amigo e compadre pediu-me se lhe arranjava um
sacerdote disponível para ser acompanhante e dar apoio espiritual a um grupo de
peregrinos que iam a Roma assistir à beatificação de São Josemaria Escrivá que
aconteceu a 17 de Maio de 1992. Fiz-lhe o convite e logo ele aceitou, por lá
andamos juntos uns 15 dias. Graças a ele vim mais enriquecido já que de
história universal era mestre o padre Saldanha. Dois anos depois, em 1994, é
convidado para coordenador das actividades dos Capelães Região Militar Sul, em
Évora, e nessa condição ainda participei em Lourdes, numa Peregrinação Internacional Militar ali realizada.
Foi em Burgos, que nos encontramos. Regressado de Évora foi convidado, em 1996,
para desempenhar as funções de Chefe do Serviço de Assistência Religioso, e por
aderência pároco da paróquia do Socorro. Terminada a sua ocupação na vida
militar, foi incardinado à Diocese de Lisboa, e como tal nomeado pároco de
Santos -o- Velho, onde abriu um” bar para salvar as almas”, até que adquiriu habitação em Fátima e para
lá se mudou disposto a servir no Santuário. Surge a doença que lhe rouba a fala
e a memória e hoje vive no hotel geriátrico, em Chaves, não sei se por vontade
sua ou não.
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