sexta-feira, 27 de julho de 2012

Irena Sendler, o Anjo do Gueto de Varsóvia



Auschwitz

 A história desta mulher extraordinária (mais uma ) conheciamo-la há muito. Recentemente temos recebido, via internet, montagens sobre a sua vida. Como não temos à mão os livros, socorremo-nos dos elementos que nos enviaram e da Wikipédia.
A fotografia de 1942 mostra-nos uma mulher bela com um olhar triste e um sorriso dissimulado. A de 2008, a de uma mulher igualmente bela, embora idosa,  com um olhar vivo e um sorriso invulgar de quem cumpriu a missão.
Os seus átomos já viajam pelo espaço sideral, junto do Eterno.



Irena Sendler (2008)
Irena Sendler (1942)
Em 2007, Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prémio Nobel da Paz pelo Governo da Polónia. A iniciativa pertenceu ao presidente Lech Kaczyński. Contou com o apoio oficial do Estado de Israel através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e da Organização de Sobreviventes do Holocausto residentes em Israel. As autoridades de Auschwitz também manifestaram o seu apoio a esta candidatura, já que consideraram que Irena Sendler era uma das últimas heroínas da sua geração, porque tinha demonstrado uma força, uma convicção e um valor extraordinários frente a um mal de uma natureza extraordinária. O prémio desse ano, no entanto, foi dado a Al Gore pela sua defesa do meio-ambiente[1].
Quem foi Irena Sendler? Foi uma activista dos direitos humanos (professava a religião Católica Romana) durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuído para salvar mais de 2.500 vidas ao levar alimentos, roupas e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida. Nasceu a 15 de Fevereiro de 1910 e faleceu a 12 de Maio de 2008. Ficou conhecida como o anjo do Gueto de Varsóvia.
Quando a Alemanha Nazi invadiu o país em 1939, Irena era Assistente Social no Departamento de bem estar social de Varsóvia, trabalhava com enfermeiras e organizava espaços de refeição comunitários da cidade com o objectivo de responder às necessidades das pessoas que mais necessitavam. Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota. Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo, valendo-se, no entanto, de todo o tipo de subterfúgios que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas, caixões...
Os nazis souberam dessas actividades e em 20 de Outubro de 1943; Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Não denunciou as crianças nem os seus colaboradores.
Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos de paz. Queria que um dia as crianças que sobrevivessem pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, a sua identidade, as suas histórias pessoais e as suas famílias. Concebeu então um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades. Em 1944, durante a revolta de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. Todavia, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio nazis.
Inicialmente, as crianças que não tinham família adoptiva foram distribuídas por diferentes orfanatos, sendo, mais tarde, enviadas para a Palestina. As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código "Jolanta". Muitos anos depois, quando a sua fotografia foi publicada num jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem ao telefone disse-lhe: Lembro-me do seu rosto. Foi a senhora quem me tirou do gueto.



[1] Podia ter sido atribuído aos dois. Ambos o mereciam. Um por uma razão, outro por outra.

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